quinta-feira, 26 de maio de 2011

Estava com ela todos os dias. T-o-d-o-s os dias. Era exaustivo. Ouvi-la e não ser correcto tocar-lhe. Cumprimenta-la e não ser correcto abraça-la. Ele não queria isso. Não mais. Não aguentava o acelerar do coração sempre que os olhares se cruzavam. E custava ainda mais quando, no seu pensamento, sabia que tudo o que ele sentia era reciproco. Todas as dúvidas surgiam naqueles momentos. Porque não teve coragem para acabar o namoro. Porque foi ignorante a ponto de não perceber que a gravidez apenas serviu para o prender. Estava cansado. Deixou de se conhecer. O único ser humano que lhe dava, naquele momento da sua vida, um pequeno mas enorme sentido tinha apenas um ano de vida. A pessoa que queria que o conhecesse, melhor do que ninguém, ainda só o conhece pelo cheiro e pela voz. Exaustão. Está a atingir o culminar de tudo o que lhe condena o coração. Todos os erros, todas as maus conselhos que seguiu. Está a culminar num sentimento de ódio. Ódio não pela esposa que engravidou por necessidade de o prender. Ódio não pela mulher que amava que não o soube ver a verdade. Ódio por ele próprio. Ódio porque não soube ouvir o coração, ódio porque não soube se conhecer quando assim o devia ter feito. Está tudo a culminar em algo que ele não desejava. Mas há alguém que o merece conhecer. Ele não o irá proibir disso. Não será, ainda, que o abismo o vai "engolir".

2 comentários:

  1. nao devemos deixar que algo nos prenda. seja o que for.

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  2. O rapaz moreno e de olhos castanhos (ahahah adoro!) que se separe da outra antes de iniciar ah-e-tal-que-não-te-resisto-e-somos-pipocas-do-mesmo-balde com outra x)

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