domingo, 5 de junho de 2011

Dizem que "mais vale só do que mal acompanhado". Dizem "diz-me com quem andar, dir-te-ei quem és". É assim muito fácil, para os nossos avós. Cresceram com outra educação. Uma educação que nos tentam passar mas que a sociedade, em geral, corroí. Cada ruga nos rostos é sinal de um pequeno esforço a mais, de uma poupança bem gasta, de dinheiro que não se gastou em guloseimas só para os filhos não chorarem. Para os nossos avós, era assim, simples mesmo quando era complicado. Hoje, devia ser fácil e nós, a sociedade, transformamos tudo em complicado, em difícil, em dramático. Não se sabe o significado de poupar, de esforço e trabalho. Querem emprego sem trabalho e pior que isso, querem dinheiro sem emprego. 
João sabia dos esforços que tinha de fazer. Sabia das amizades que tinha de deixar de lado. Sabia das mãos verdadeiras que tinha de agarrar. João sabia que os tempos que se avizinhavam eram difíceis. E isso não envolvia só o divórcio. Era o divorcio que envolvia tudo o resto. Os olhares já recaiam sobre ele no trabalho. Marta era das poucas que ainda o ajudava. Mas evitava dar a entender que ainda o amava. Apenas Marta e Pedro continuavam ao lado dele. Era todos os dias chamado ao gabinete e, todos os dias, o motivo era ridículo. Cansava-se de dar passos em frente e andar para trás. Cansava-se de olhar para aqueles a quem um dia chamou de amigos. Cansava-se das palavras gastas em vão. Cansava-se, só isso. 

Sem comentários:

Enviar um comentário