sexta-feira, 3 de junho de 2011

Há um tempo em precisamos de inventar uma linha invisível numa escala absolutamente estranha para o nosso organismo. Precisamos criar essa linha e colocá-la logo a seguir ao nosso nome.Será uma escala de preocupações. E o primeiro lugar seremos nós e só haverá um lugar no topo, o nosso. Nesta escala não há segundos e terceiros lugares. Somos só nós. 
Estava a chegar esse tempo para o João. Era tempo de criar a linha invisível. Com uma pequena diferença de que nessa escala estaria ele e o seu filho. Porque, depois de ver pela primeira vez o ser que transporta o seu sangue, nunca mais achou que estava sozinho no mundo. João sabia e sentia isso, como nunca sentiu nem sentiria mais nada. Criou a linha. Isolou-se, sem se isolar do filho. Cansado das reviravoltas que haviam na sua vida. Farto das partidas que ele próprio lhe causava. Pronto e decidido a viver por ele. Raramente, nos seus 25 anos, o tinha feito. Estava na altura de o fazer, de aprender a manter-se acima da linha. Não deve ser assim tão difícil, pensava João sempre que via o sorriso do pequeno Gabriel. Hoje por ele, para amanhã ser pelo filho. Era, é e será sempre o seu objectivo: pelo filho.

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